sábado, 12 de fevereiro de 2011

COMPACTO

Dentre as especialidades da vida moderna, além de seus efeitos destrutivos e segregadores, nada me chama mais a atenção quanto a facilidade de tornar tudo mais próximo, mais simplificado. Os meios de comunicação rompendo fronteiras, serviços e atendimentos cada vez mais informatizados, avançados, o consumismo maquiado de vantagem no famoso, “pague um, leve dois”! Tudo parece mais acessível, mais anexo, mais agregado. Certa vez fui pesquisar um computador. Encontrei um que me agradava e decidi levá-lo. No meio de todo o processo da compra travou-se uma invisível queda de braço: vendedor versus eu! Eu satisfeita com o modelo escolhido, sua capacidade e valor. Ele compreensivelmente voltado a aplicar suas técnicas de venda a fim de mostrar eficiência e engordar seu salário, me oferecia serviços adicionais, garantias estendidas e é claro, um acréscimo no valor. Mas seu canto aos meus ouvidos não era de sereia e à medida que ele se empenhava em me convencer das vantagens ofertadas, mais eu trabalhava a pouca paciência que tenho somada à boa educação que mamãe deu:
- Não, obrigada. Não, não é preciso. Não, estou satisfeita. Não, não, não.
E como havia de ser, a mentora, minha imaginação, se aproveita da situação e me faz pensar: e se funcionasse assim com os sentimentos? E se funcionasse assim para tudo que há de bom, tudo que há de realmente necessário? Tudo bem, sentimentos não são serviços, muito menos mercadorias, mas imagina se tudo que importa viesse assim também, compacto.
- Está aqui senhora, compreensão e lealdade, que é o que você ganha levando amizade, que, aliás, está em falta por aí. Aproveite também pra levar sinceridade com a qual você ganha confiança. Ou invista educação, e terá crescimento como garantia.
- E levando amor, o que eu ganho?
- Bom senhora, levando amor a senhora não se arrependerá. Junto com ele vem o companheirismo, o perdão, uma infinidade simultânea de sabores, sensações e um pacote adicional de felicidade. E nem precisa se preocupar com garantia, pois a senhora poderá levá-lo a manutenção quantas vezes forem necessárias, pois este aqui, o amor verdadeiro, o original, pode dar defeitos, mas sempre terá conserto...e então senhora, o que me diz?
-Eu? Digo sim! Sim, eu quero, sim vou levar. Sim, sim, pra sempre sim.

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