sábado, 12 de fevereiro de 2011

A madrugada é minha auto-armadilha. As horas passam lentas quando a intenção do tempo é fazer você cair. Cair no choro, cair no riso, cair em sí. Muitas vezes, entre insônia e pensamentos soltos, tento estender noites que me chegam incompletas e sem melhores alternativas, exploro minha caixa de emails como quem percorre a própria memória em busca de conforto, antídotos. Eessa terapia muitas vezes me faz rir. Quando enfim, o sono dá as caras, o recebo rindo, muitas vezes de mim mesma. Leio e esboço um "Oh my God! Eu já escrevi isso?" E seguro meu rosto já vermelho como se alguém mais estivesse presente e pudese observar minha timidez. Olho pros lados e não vejo pra onde fugir, sim, eu já escrevi. Mais ainda, eu já senti. Mas sinto paz, me sinto bem. Em um desses episódios reli as mensagens que já trocamos e isso me remeteu a tanta coisa. Percebi que lugares e gostos perderam seu brilho desde que mudamos de estação. As ruas do centro da cidade já não têm mais aquela magia, não têm mais aqueles ares cintilantes dos quais parecíamos envoltos ao passar por elas. Aquele restaurante ficou esquecido por seus frequentadores, perdeu clientes, fechou as portas. Nenhuma taça de vinho proporcionou o mesmo gosto. Nenhum e-mail foi recebido com o mesmo frenesi. Nenhuma chuva foi bem vinda como algumas foram naquele tempo em que mesmo não sendo dois, éramos um. Um só pretexto, um só motivo: desligar do mundo e se permitir sonhar. Arrastar horas, trocar sentidos, gastar sorrisos. Em meio a tanta obrigatoriedade do cotidiano e receios de possíveis abitrariedades cometidas, eu sei que só queríamos isso. Mas tudo se foi. Tudo que não foi, se foi. Tudo que não chegou a ser. Tão bonito, tão irreal, fazia bem mas teve de ir. Ficaram as palavras trocadas guardadas entre tantas e tontas mensagens, os sentidos perdidos na mente e no coração, os sentidos não esquecidos. Um dia, no fim de um dia, eu li a mensagem dele antes de dormir. Não foi nada demais mas me rendeu um sonho bom...não, no sonho eu não lia e nem ouvia palavras, não via mais ninguém, mas senti os abraços e revivi os sorrisos. Não foram os mesmos daquele dia em que, munidos de devaneio, trocamos entre as pistas da Avenida Atlântica, nem parecidos com os da última vez que pudemos estar juntos - aqueles que se eu soubesse que seriam os ultimos teria aproveitado bem mais - não, não foram iguais...não foi nada demais, ora! Nem eram reais! Mas me aconteceu uma coisa engraçada, que me valeu o despertar...é que quando eu acordei, eu continuei sonhando! Entendi que os momentos se foram, mas algumas sensações permaneceram guardadas e as horas leves daquele outono ficariam trancadas pra sempre nas inspiradas linhas que os corações impulsivos e sonhadores os permitiram escrever.

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