sábado, 12 de fevereiro de 2011

Sorte no Jogo

Não, dessa vez eu não vou falar de amor. Meu cenário é: vinte e dois homens, uma bola e cento e vinte e nove palavrões por minuto. Não vou aqui discutir a existência ou não de sentido nessa dinâmica, deixo isso pros debates posteriores. Mas basta dizer que entre um parágrafo e outro que digito, aceno pra ele disfarçando meu inicial desinteresse. Até que de repente é travado um emergente vocativo com seu nome e antes que eu pudesse compreender, é gol! Ele marca e aponta pra mim. Sorrio e me sinto o mais egoísta dos seres ali presente. Jogão de domingo com a "rapaziada", um clássico! Resolvo então fechar o netbook e dar a devida atenção ao grande show. Primeiro, ao perceber que as mulheres, namoradas e esposas presentes, estão assistindo a tudo sentadas, distantes, como se ali tivessem sido estacionadas, posicionadas destacadamente dos machinhos que também assistem, faço questão de me levantar e ocupar outros espaços.Vou pra perto do campo e ignoro o olhar masculino de reprovação. Tenho grande prazer em desobedecer as regras machistas de comportamento, principalmente as invisíveis. Logo acontece o segundo gol, dele denovo, nossa! Quase viro garota de torcida, se não tivesse vestida com jeans em vez de sainha. Mas me faltavam também os pompons. A partir daí é tanto entretenimento, que fica até divertido. Percebo que, se você é jogador, tem de estar ciente e preparado para seu nome ser alterado a qualquer momento para todos os nomes possíveis durante uma partida. E é um show de criatividade. As mães dos jogadores, coitadas, que decerto estavam em casa, caprichando no almoço de domingo, também ganham novos nomes. Descubro que estou super desatualizada em termos de linguagem e que em algum momento da história, que eu ainda desconheço, foi criada a palavra "porracaralho" a mais usada entre os jogadores e seus companheiros aflitos que assistem fora do campo. Morro de rir. Vejo também que não é só na televisão ou no maracanã que assistimos aquelas ceninhas em que os jogadores caem e parecem muito machucados mas que, sem atenção, quatro segundos depois estão saltitantes e...pra onde foi a dor? Uma incógnita. Ou talento. Eu que costumo me empolgar com futebol apenas quando o jogo é do meu time, acabo me divertindo ali também. E em meio a tantas observações que todo o cenário me proporciona, vejo que ele tem mesmo talento pra coisa. Corre, não se cansa, chuta com precisão, é aplaudido e denovo faz um gol e aponta pra mim sorrindo. O terceiro, o da vitória. Fim do jogo, seu time é campeão e ele feliz, vem em minha direção e ganho um abraço.
- Estou suado.
- Eu não ligo.
O parabenizo, fico orgulhosa e inevitavelmente, penso: ele não poderia ter o mesmo talento pra amar? Ahh se ele me entendesse tão bem quanto joga...mas não, eu disse desde o início, dessa vez eu não vou falar de amor.

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