sábado, 12 de fevereiro de 2011

Velha Infancia

O calendário marcou doze. Dia doze. Dia dele. Ele que ocupa um dos lugares mais bonitos no meu coração há...quinze ou dezesseis anos? Bom, há muito tempo. Tempo suficiente pra me prover de bons sentimentos e momentos ímpares ao seu lado. Ao seu lado no cinema vendo filmes de terror, ao seu lado nas festas em que, tímidos, nos protegíamos um no outro por não sabermos dançar, ao seu lado na calçada até altas horas cantando legião urbana.//"Palavras são erros e os erros são seus, não quero lembrar que eu erro também".// Lembro da nossa primeira briga, ele me devolveu um cartão de natal, eu rasguei e joguei pro alto. Ele ficou vermelho, pegou a bicicleta e foi embora. Eu recolhi tudo do chão e guardei em um envelope e em segredo. Anos depois rimos juntos montando os pedaços como um quebra-cabeça. Lembro também da nossa primeira foto, ele ainda era do meu tamanho. Lembro dos patins, das cartas, das declarações nas agendas e lembro do nosso primeiro beijo. Sim, aos treze ele segurava minha mão todos os dias na varanda quando vinha conversar, um dia me beijou por dois minutos e sumiu por duas semanas. Depois, eu sumi por dois anos, muito ocupada com meu namoradinho da escola, e ele diz até hoje que foi traído e abandonado. Bobo...e ele é lindo, sempre foi. Por dentro e por fora. O queridinho da minha mãe, o fofinho para as minhas amigas e para a minha avó. E era por unânimidade e sem nenhum esforço, o terror dos meus namoradinhos. Já me chamou debochadamente de cunhada, por causa de uma paquerinha minha com seu irmão. Já o chamei também e muito mais debochadamente de primo, por causa de...quantas primas minhas mesmo? Bom, deixa pra lá. Gostávamos mesmo era de nos chamar de irmãos, não só pela carinho da amizade mas por termos feito um pacto de sangue. Pois é, nós não batíamos muito bem da cabeça nessa época. Já grandinhos, ainda suspeitos de permanecermos com tal debilidade, ficamos com um pacto pendente do qual meu namorado não acha a menor graça. A namorada dele? Nem pode brincar de saber e eu só rezo para que ela não seja minha leitora.rs. Quem já assistiu o filme "o casamento do meu melhor amigo" sabe a que tipo de pacto estou me referindo, algo que deveria se cumprir em dez anos. Considerando que foi feito em 2001 e estamos em 2011, bem, melhor mudar de assunto!rs...é tanta história. Hoje, não nos vemos mais como em outros tempos já nos vimos, a vida adulta nos toma o tempo. Hoje, reclamo de sua ausência. Às vezes acho que ele nem liga, mas me desfaço da idéia quando recebo as coisas bobas e fofas que me escreve de surpresa e largo tudo quando escuto sua voz do outro lado da linha: "Yooo, preciso conversar com você". Incondicional e inesquecível pra mim. Esteve presente nos meus quinze anos, no meu primeiro porre (aliás não era na casa dele que não podia entrar com bebidas nas festas? Não me lembro muito bem.rs), ele brindou e dançou comigo na minha formatura. Ele sempre me protegeu dos caras chatos e sempre desconfiou mas esqueceu de me alertar sobre aquele suposto super amigo que depois se mostrou um de fato super filho da puta. Ele me deu seu ombro na minha primeira desilusão. E também na última, quando mesmo sem dizer nenhuma palavra, me confortou. Me deu a mão, um abraço e me levou pra uma festa pra me mostrar o quanto eu ainda podia me divertir. Ele deita no meu colo num banco de praça, sabe dos meus defeitos, diz que sou de gênio difícil e que sou especial. Me dá conselhos e divide suas dores e segredos comigo. Não mais na calçada de casa, agora numa mesa de bar. Os mais de dez anos nos deram asas, novos lugares e também dívidas e dores de cabeça. Me deu uma série de "ites" e lhe deu dores na coluna. Coincidente e simultaneamente, nos deu crises de ansiedade. O fato é que os mais de dez anos compartilhados me deream a certeza de que tenho na vida alguém essencial e incomparável . E hoje é o dia dele. Enquanto emano boas energias e agradeço ao papai do céu pelo seu novo ano de vida, mergulho na memória resgatando tudo que vivemos e vejo o quanto sou feliz por ter como melhor amigo a quem me tem assim também. Acabei de lhe dar os parabéns, ele disse que demorei, que já ia me ligar pra cobrar como fazemos desde pirralhos. Concordo com o que ele me diz, que o tempo passa e algumas coisas realmente não mudam. E sim, //"O meu melhor amigo é o meu amor... e a gente canta, e a gente dança, a gente não se cansa de ser criança, a gente brinca, na nossa velha infância..."// Feliz Aniversário melhor amigo, eu te amo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário